Degustação

Vinhos Fortificados

Publicado em 10 de abril de 2020
Atualizado em 01 de abril de 2023
Tempo de Leitura 4 mins. de leitura
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A variedade dos vinhos fortificados é bastante significativa e a história é longa, vem de milhares de anos. Entretanto, para a história não se tornar extremamente longa por aqui, vamos já pular para o século XVII. Nessa época os ingleses adicionavam o álcool ao vinho com o objetivo de conservar a bebida durante as extensas viagens marítimas. No decorrer do tempo, o leque de estilos, qualidade, bem como as formas de elaboração aumentaram consideravelmente. De aperitivos a boas companhias para harmonizar com sobremesas – a depender do estilo -, os fortificados são elaborados em diversos países e, acredite, são surpreendentes a cada taça.

Entenda alguns estilos de vinhos fortificados:

Portugal

  1. Porto: Com certeza, é o fortificado mais conhecido do mundo. O estilo do Porto é reproduzido em vários países, mas, claro, sem o nome Porto. O grau de doçura desses vinhos depende do momento em que o enólogo interrompe a fermentação. Uma diversidade de uvas são utilizadas, mas as mais comuns são: Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Nacional e Tinto Cão. Os estilos variam dos menos oxidados (como os da categoria Ruby) aos mais oxidados (Tawny). Adicionalmente, dentro desses estilos, existem as categorias especiais, como LBV, Vintage, Indicação de Idade, Single Quinta, etc. Brancos e rosés, do mesmo modo, também fazem parte do mundo dos vinhos do Porto, que são muito consumidos também em drinks.

 

  1. Moscatel de Setúbal: Fortificados elaborados com a uva Moscatel de Setúbal (também conhecida como Moscatel de Alexandria). A fortificação ocorre para interromper a fermentação alcoólica. Uma dica é que esse vinho pode ser uma opção para substituir alguns fortificados que são muito caros.

 

  1. Madeira: Mais um fortificado português! Entretanto, as uvas são bem diferentes: principalmente são usadas as brancas Sercial, Verdelho, Boal, Malvasia e Terrantez, além da Tinta Negra (que é tinta, como o nome já indica). O grande diferencial do Madeira é a forma como é envelhecido, por Estufagem, no qual o vinho é aquecido a uma temperatura entre 45 e 50ºC, por um período de, no mínimo, 3 meses. Posteriormente, permanece à temperatura ambiente por também, no mínimo, 3 meses. Em seguida, podem ficar em inox ou madeira, à escolha do enólogo.

O outro tipo de envelhecimento é o chamado Canteiro, que consiste em deixar o vinho em cascos de madeira em locais da adega onde as temperaturas são mais altas por, no mínimo, 2 anos. É um tipo de envelhecimento oxidativo. Os vinhos cujo o estágio é em Canteiro possuem, portanto, maior valor agregado.

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Fortificados: Espanha

  1. Jerez: Os estilos dos vinhos fortificados de Jerez variam principalmente devido à forma que são envelhecidos. Existem os que passam por envelhecimento biológico, no qual ocorre a formação de flor (um véu de leveduras que protege o vinho do oxigênio), como os Fino, Manzanilla e Pale Cream, sendo este último adocicado. Outros que passam por envelhecimento oxidativo, que ocorre na presença do O2, como o Oloroso, Cream e PX, sendo os 2 últimos vinhos doces. Por outro lado, existem também os estilos que passam pelos 2 tipos de envelhecimento, biológico e oxidativo, como Amontillado e Medium, sendo o Medium um estilo doce. Exceto o PX, todos os demais são fortificados após a fermentação terminar. As uvas autorizadas são: Palomino (ocupa a maior área das plantações de Jerez), Pedro Ximénez (PX) e Moscatel de Alexandria.

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Fortificados: Itália

  1. Marsala: Os vinhos podem ser fortificados em momentos distintos da fermentação. As cores variam entre: rubi (Rubino), dourado (Oro) ou âmbar (Ambra). As uvas brancas usadas são: Grillo, Catarratto, Inzolia e Damaschino, para a elaboração do Oro e Ambra. Já as tintas permitidas para a produção do Rubino são Pignatello, Nero d’Avola e, também, a Nerello Mascalese.

Para a elaboração do Oro, a bebida é adoçada com mistela (mosto de uva não fermentado e fortificado), caso seja adoçado com 1 a 2% de mosto chamado de cotto (mosto não fermentado que é cozido para ficar concentrado) já é classificado como Ambra. Existe uma outra categoria chamada Vergine, que é seco, amadurece oxidativamente e, portanto, é o que mais se aproxima do Jerez Oloroso. Caso a idade seja de 10 anos ou mais, ele é classificado como Marsala Vergine Riserva. Para finalizar, existem também as classificações que estão ligadas à idade: Fine, Superiore e Superiore Riserva.

Fortificados: França

  1. VDN (Vin Douex Naturel): O nome pode enganar muita gente, mas na verdade todo vinho VDN é fortificado e o álcool é adicionado durante a fermentação alcoólica. O momento da adição determinará a concentração de açúcar no vinho (alguns poucos são quase fermentados completamente, mas a maioria tem uma doçura significativa).

Regiões que produzem vinhos fortificados na França:

O Languedoc possui algumas Denominações de Origem onde são produzidos vinhos brancos que têm sua fermentação alcoólica interrompida pela adição de aguardente vínica. No caso das AOC`s que produzem VDN no Languedoc (Muscat de Lunel, Muscat de Mireval, Muscat de Frontignan, Muscat de Saint Jean de Minervois), o processo oxidativo é evitado e todas as regiões usam, obrigatoriamente, a uva Muscat à Petits Grains Blanc.

Por outro lado, no Roussillon, existe produção de VDN tinto ou branco, dependendo das regras de cada AOC: Rivesaltes, Muscat de Rivesaltes, Maury, Banyuls e Banyuls Grand Cru. Esses também passam por interrupção na fermentação alcoólica e existem os estilos redutivos e oxidados (alguns até muito oxidados).

Já no Rhône Sul, os 2 exemplos são dos vilarejos de Muscat de Beaumes de Venise (uva: Muscat à Petits Grains Blanc) e Rasteau que podem ser brancos, rosés ou tintos, onde a Grenache se destaca. Em Rasteau os tintos e brancos VDN podem ser produzidos no estilo redutivo, bem como, oxidativo.

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Fortificados: Austrália

  1. Rutherglen Muscat: Para finalizar, eis que surge um exemplo do Novo Mundo. A uva utilizada na elaboração desse fortificado australiano é a Muscat à Petits Grains Rouge. Dependendo do estilo que se quer elaborar, as uvas ficam mais ou menos tempo na vinha (mais doce, mais tempo na videira). Entretanto, alguns produtores colhem mais cedo por prezarem pelo frescor e outros deixam passificar para o vinho adquirir mais complexidade de aromas, bem como, de sabores. O envelhecimento é oxidativo (em contato com o O2) para dar notas como nozes e fruta caramelizada, por exemplo. As classificações do vinho, contudo, dependem do tempo que durou o envelhecimento.

Dicas de vinhos:

Fonseca Tawny (Porto)

Porto Poças White

Porto Quinta das Tecedeiras Vintage 2014

Jerez Barbadillo Pale Cream

Madeira Rainwater Medium Dry

 

 

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