Pét-Nat

A forma como o espumante foi elaborado diz muito a respeito sobre o que vamos encontrar na taça e pode até mesmo dar uma ideia de onde foi produzido. 

Os espumantes Pét-Nat costumam serem encaixados na categoria dos vinho naturais. Apesar de que não há uma legislação que rege a produção dessas bebidas, os vinhos naturais buscam o cultivo de uvas orgânicas, sem o uso de pesticidas, fungicidas ou outros produtos químicos, e na vinificação optam pela mínima intervenção na elaboração, sem correções e adição de leveduras, por exemplo. Já os espumantes que não passam pelo dégorgement não necessariamente são elaborado com uvas orgânicas e mínima intervenção, varia de acordo com a filosofia do enólogo/vinícola.

Os Pét-Nat são engarrafados apenas parcialmente fermentados e são vedados em seguida, sem adição do licor de tirage (conhecido como método ancestral). A primeira e única fermentação continua e o CO2 fica retido na garrafa, sem adição também do licor de expedição. Enquanto os espumantes sem dégorgement são elaborados por meio do método tradicional: duas fermentações, sendo a segunda na própria garrafa que é estimulada pela adição do licor de tirage. O espumante amadurece sobre as borras, porém não é feita a remuage e nem o dégorgement (alguns produtores ensinam como fazer o dégorgement em casa, caso o consumidor prefira consumir sem as borras).

Nos espumantes elaborados pelo método ancestral, as bolhas são mais suaves e a pressão costuma ser mais baixa (quase sempre possuem menos de 5 atm, enquanto os que são elaborados pelo método tradicional normalmente ficam entre 5-6 atm), então o momento ideal para avaliar a bebida é logo após a abertura, enquanto os espumantes elaborados pelo método tradicional, é recomendado esperar para que haja uma leve saída de CO2  a fim de ter uma análise aromática e gustativa mais nítida. Gustativamente, há uma tendência de se encontrar maior frescor no espumante elaborado pelo método ancestral.

O Pét-Nat foi algo que deu tão certo no mercado que existem denominações de origem com regras para a produção desse estilo, como por exemplo a AOC Montlouis-sur-Loire, com a uva Chenin Blanc, a AOC Gaillac, no sudoeste francês, com as uvas Mauzac e/ou Mauzac Rose, clássicas por lá (inclusive, criaram um nome próprio para o método ancestral na região: Gaillac Méthode Gaillacoise). Para se ter uma ideia Limoux (no Languedoc) valoriza tanto os espumantes engarrafados parcialmente fermentados que criou uma AOC só para eles: Limoux Méthode Ancestrale.

A elaboração dos espumantes Pét-Nat é mais desafiadora, por não ter total controle do processo de produção e ter consistência entre as garrafas é, sem dúvidas, um desafio para os produtores.